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Fevereiro Laranja conscientiza sobre a leucemia e doação de medula óssea

Saiba como ser um doador de medula óssea

16 de fevereiro de 2022

Por Marina Nunes

Em outubro de 2017, aos 18 anos, Gabriel Pereira descobriu que estava com leucemia. Em meio ao impacto da notícia, a esperança: seu irmão, Caleb Pereira, na época com 21 anos, foi 100% compatível e pôde ser o doador de medula óssea. Hoje, aos 22 anos, Gabriel e a família celebram a sua cura e são exemplos para a Campanha “Fevereiro Laranja”, instituída pela Lei 17.207/2019, que pretende esclarecer sobre a leucemia e a importância da doação de medula.

No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), as estatísticas recentes registram mais de 10 mil novos casos de leucemia, sendo 5.920 em homens e 4.890 em mulheres, em 2020.

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O chefe da Unidade de Oncohematologia do Hospital Universitário Walter Cantídio, do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh (CH-UFC), o médico Fernando Barroso, explica que a leucemia é um tipo de câncer que atinge a medula óssea, especificamente na produção de células brancas do sangue, responsáveis pela defesa, mas também atrapalha a produção de outras células sanguíneas como os glóbulos vermelhos e plaquetas, que agem na coagulação. O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais, como o hemograma, e outros mais específicos da medula óssea, como o mielograma.

Os sintomas mais comuns, ainda segundo o médico, são a presença de febre, manchas no corpo, sangramentos (na gengiva, menstruação abundante) e anemia que causa cansaço extremo e palidez. Em alguns casos, percebe-se também a inflamação de gânglios no pescoço e axilas, formando nódulos. Os fatores de risco são um estilo de vida com má alimentação, sedentarismo, exposição ao álcool, cigarro e até substâncias tóxicas, como agrotóxicos.

Existem também casos de leucemia secundária, quando, em tratamento de outros cânceres, o paciente entra em contato na quimio e radioterapia com substâncias que acabam contribuindo para o surgimento do câncer do sangue. Além destes, há casos de pré-disposição hereditária, mais comum em crianças. Os tipos de leucemia também são classificados pela velocidade em que a doença pode evoluir e se tornar mais grave, sendo, principalmente, divididos em crônica – quando há um agravamento mais lento -, ou aguda – quando apresentar uma piora de forma mais rápida.

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Os sintomas que Gabriel manifestou foram exatamente os mais iniciais, como as manchas, fadiga, dores no corpo e sangramento ao escovar os dentes. Após o diagnóstico, logo iniciou o tratamento com ciclos de quimioterapia. Foram seis meses com várias sessões até o tão aguardado transplante. Assim que o diagnóstico foi revelado ao paciente, o irmão dele, Caleb, hoje com 25 anos, testou e descobriu ter compatibilidade absoluta. No dia 27 de abril de 2018, no HUWC, foi o grande momento de transplante entre os irmãos.

Após o procedimento cirúrgico, a recuperação ocorreu de forma bastante tranquila, segundo eles, respeitando as recomendações alimentares e de repouso necessárias. Gabriel, que havia pausado os estudos por quase quatro anos, fez o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2021 e passou em primeiro lugar para o curso de Letras Português/Inglês, na Universidade Federal do Ceará (UFC). “Parece um respiro, um alívio. Foi uma alegria imensa passar no vestibular depois de tudo que passei contra a leucemia. Aquele momento que vi minha aprovação, foi a sensação de ter uma vida normal devolvida a mim. Eu vou estudar, vou ver amigos, conhecer pessoas novas, vivenciar todos os desafios de uma faculdade, ter minha vida de volta”, contou.

A doação de medula óssea salva vidas

O médico esclarece que as principais vias de tratamento da leucemia são a quimioterapia e imunoterapia para alcançar o estado de remissão do câncer, com possibilidade, quando avaliado, do transplante de medula. A medula está presente no interior dos ossos e contém células-troncos capazes de, com o transplante, substituir as células cancerígenas por uma medula que produzirá novas células normais.

O caso dos irmãos reforça esse esclarecimento sobre a doença e o transplante. Caleb faz questão de afirmar que o processo de doação é muito tranquilo, sem riscos para o doador: “É um ato indolor e não traz consequência negativa futura. Não tem dificuldade, não tem sofrimento, muito pelo contrário. Quem doa está fazendo uma ação louvável. Eu fiz pelo meu irmão, mas faria novamente para alguém que precise. É um ato de amor que está salvando vidas”, enfatizou. O procedimento envolve a retirada da medula do interior dos ossos da bacia por meio de punções com anestesia, e ela se recompõe completamente em até 15 dias. No HUWC, foram realizados 116 transplantes de medula óssea entre 2014 e janeiro de 2022.

É importante dizer que cada tratamento, segundo Fernando Barroso, é definido de acordo com o tipo de leucemia, a idade e características do paciente. É, portanto, realizado de forma individualizada conforme os aspectos do indivíduo e da doença. Sobre o transplante, o médico reforça que “é algo essencial e que muda a história da doença. Não podemos abrir mão de esclarecer sobre o tema”, declarou.

Para ser um doador é preciso ter entre 18 e 35 anos e estar em bom estado de saúde. Será colhida uma amostra de 5 ml sangue para os testes e esses dados farão parte do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). Este cadastro pode ser feito através de hemocentros de todo o país. Em Fortaleza, o Hemoce é o principal local que realiza esse trabalho.

Outro ponto a destacar é a necessidade de manter o cadastro atualizado. “Quem tem leucemia fica numa grande expectativa para encontrar um doador. Imagina você descobrir que é compatível com alguém e quando tentam entrar em contato com a pessoa, o número e o endereço já não são mais os mesmos? Deve ser devastador”, alertou Gabriel. Se o doador tiver alguma mudança nos dados cadastrais, basta entrar em contato com os hemocentros para atualizar.

Serviço:

Locais para cadastro de doadores de medula óssea em Fortaleza (Fonte: Hemoce)

– Instituto Dr. José Frota (IJF) (Rua Barão do Rio Branco, 1816 – Centro)

– Praça das Flores (Av. Desembargador Moreira, s/n – Aldeota)

– Sede do Hemoce (Av. José Bastos, 3390 – Rodolfo Teófilo)

– Shopping Parangaba (Av. Germano Franck, 300 – Parangaba)

Os outros polos de cadastramento são os hemocentros localizados nas cidades de Crato, Iguatu, Juazeiro do Norte, Sobral e Quixadá.




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