Fertilidade x alimentação. A relação da fertilidade com os bons hábitos alimentares, bem como com os demais costumes saudáveis, é consenso entre os médicos especialistas em medicina reprodutiva. Porém, poucas pessoas atentam-se para o impacto que a alimentação e o peso podem ter sobre a própria saúde reprodutiva. Sabe-se que a dificuldade que muitas mulheres encontram para engravidar pode estar ligada diretamente à máalimentação e a um estilo de vida sedentário.
Segundo a Pesquisa Nacional da Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, já em 2013, mais da metade dos homens e mulheres em idade reprodutiva estava acima do peso recomendado. Além de ocasionar problemas como diabetes, cardiopatias, hipertensão arterial e depressão, a obesidade pode ainda acarretar disfunção sexual, infertilidade, perdas gestacionais e outras complicações da gravidez.
“Manter uma dieta adequada ajuda a regular hormônios e a combater os radicais livres afetando diretamente na qualidade da ovulação aumentando assim, as chances de gravidez e ainda preparando o corpo da mulher para receber uma gestação e até mesmo evitar abortos”, explica o médica especialista em reprodução assistida, Daniel Diógenes. Mas não são apenas as mulheres que devem prezar pela saúdealimentar quando o casal planeja ter um filho. Os homens também precisam seguir uma dieta equilibrada e buscar manter o Índice de Massa Corporal (IMC) indicado, pois ambos fatores influem na qualidade de produção de espermatozóides.
Como o ciclismo pode impactar na fertilidade masculina
Como as mulheres diagnosticadas com câncer podem manter a fertilidade?
Impactos
Uma pesquisa feita por estudiosos franceses da Universidade de Paris Descartes e publicada em 2014 na Fertility and Sterility, publicação mensal da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM), demonstrou que, em homens, quanto maior o peso, menor o volume de sêmen, a quantidade de espermatozoides e pior a movimentação deles. O estudo foi realizado analisando 10 mil homens. A taxa de azoospermia, ou de ausência de espermatozoides na ejaculação, era 9,1 % maior em obesos.
Além disso, a pesquisa também apontou que o sêmen de homens obesos apresentava uma qualidade inferior ao de homens com níveis normais de IMC. Outros estudos mais recentes demonstram também que a obesidade pode estar associada a uma menor quantidade de testosterona (o hormônio masculino) e a um maior dano ao material genético do espermatozoide, fatores que interferem para piorar ainda mais a fertilidade.
Embora não se compreendam completamente os mecanismos que ligam o excesso de peso à infertilidade, é possível constatar também que, nas mulheres, os distúrbios hormonais sejam os principais causadores, com repercussões sobre a ovulação. Recentemente, aobesidade foi destacada também como um fator isolado para problemas uterinos, como pólipos.
A obesidade pode estar relacionada ainda com a diminuição das taxas de sucesso até mesmo em tratamentos de reprodução assistida. Por isso, recomenda-se aos casais que queiram iniciar os processos de fertilização in vitro (FIV), a mudança dos hábitos alimentares e a busca por um estilo de vida mais saudável.
Os maiores vilões
Especialista em reprodução assistida, Daniel Diógenes explica que o consumo de álcool, associado ao excesso de peso e ao tabagismo influencia negativamente a concentração e a movimentação dos espermatozoides, sendo um dos principais vilões da fertilidade masculina, ao contrário do que é observado pelo alto consumo de frutas, cereais e vegetais que, por conterem minerais e vitaminas antioxidantes, influenciam positivamente a concentração e a motilidade espermática.
O café, bem como demais alimentos e bebidas que contenham cafeína, também são representados como fator de risco real para atraso em se atingir uma concepção naturalmente, além de influenciar negativamente as taxas de fertilização em ciclos de fertilização in vitro. O consumo de alimentos gordurosos, como carnes vermelhas, leite e derivados está relacionado às piores taxas de gravidez e implantação embrionária. Segundo Daniel, isso se deve provavelmente à presença de esteroides anabolizantes presentes na gordura destes alimentos.
Portanto, o recomendado para casais que recorrem aos métodos da reprodução assistida é que conste na alimentação de ambos, o consumo elevado de antioxidantes e micronutrientes, seja na dieta ou por meio de suplementação, para poder ter reflexos positivos nas taxas de gravidez.