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Sociedade Brasileira de Infectologia é contra uso de Hidroxicloroquina

De acordo com dois estudos recentes, a substância não é eficaz e traz complicações para pacientes com Covid-19

20 de julho de 2020

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) posicionou-se contra o uso da hidroxicloroquina para tratamento da Covid-19. O anúncio foi divulgado na última sexta-feira (17) por meio de um documento disponível no portal da SBI.

“Neste momento ainda tão difícil da pandemia da COVID-19 no nosso país, este informe tem a finalidade de esclarecer, colaborar e divulgar as principais evidências científicas que devem orientar os médicos e entidades públicas e privadas para que todos brasileiros recebam diagnóstico adequado e tratamento eficaz e seguro, como é o caso da oxigenioterapia, dexametasona e anticoagulante profilático nos pacientes hospitalizados com COVID-19 grave e não recebam medicamentos que comprovadamente não demonstraram eficácia e que podem trazer efeitos colaterais, como na fase precoce da doença, que deve ser tratada com medicamentos sintomáticos (analgésicos e antitérmicos).”

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A Sociedade julga como “urgente e necessário” que a hidroxicloroquina seja abandonada no tratamento de qualquer fase de Covid-19 e que o recurso público seja usado em medicamentos comprovadamente eficazes e seguros para os pacientes. Confira um trecho da nota:

Diante dessas novas evidências científicas, É URGENTE E NECESSÁRIO que:
a) a hidroxicloroquina seja abandonada no tratamento de qualquer fase da COVID-19;
b) os agentes públicos, incluindo municípios, estados e Ministério da Saúde reavaliem suas orientações de tratamento, não gastando dinheiro público em tratamentos que são comprovadamente ineficazes e que podem causar efeitos colaterais;
c) que o recurso público seja usado em medicamentos que comprovadamente são eficazes e seguros para pacientes com COVID-19 e que estão em falta, tais como anestésicos para intubação orotraqueal de pacientes que precisam ser submetidos à ventilação mecânica, bloqueadores neuromusculares para pacientes que estão em ventilação
mecânica; em aparelhos que podem permitir o diagnóstico precoce de COVID grave, como oxímetros para o diagnóstico de hipóxia silenciosa; em testes diagnósticos de RT-PCR da nasofaringe para pacientes sintomáticos; leitos de Unidade de Terapia Intensiva, bem como seus recursos humanos (profissionais de saúde) e respiradores.

Estudos sobre hidroxicloroquina

O posicionamento tem como base um estudo realizado em 40 estados americanos e 3 províncias do Canadá, que avaliou pacientes com a doença. O grupo que recebeu hidroxicloroquina, em comparação aos pacientes que receberam placebo (preparação neutra sem efeitos farmacológicos), não teve nenhum benefício clínico: não houve redução na duração dos sintomas, nem de hospitalização, nem impacto na mortalidade, de acordo com a SBI.

A Sociedade informa, ainda, que 43% dos pacientes que receberam o medicamento apresentaram efeitos adversos, como dores abdominais, diarreia e vômitos.

Além da pesquisa americana, um estudo da Espanha também comprovou que a hidroxicloroquina não possui nenhum benefício virológico ou clínico em pacientes com Covid-19.

Outro estudo, realizado pela Universidade de Oxford em pacientes hospitalizados com a doença, associa a hidroxicloroquina a períodos de internação mais longos em casos de Covid-19 e risco aumentado de morte.

A pesquisa comparou 1.561 pacientes que tomaram o medicamento e 3.155 que não. Os resultados descartam, também, a possibilidade de benefício pelo uso do remédio nesses casos de Covid-19.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendeu os testes do medicamento de forma definitiva em junho.

Em contrapartida, o Ministério da Saúde enviou um ofício à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, na última quinta-feira (16), pedindo divulgação ao tratamento com a cloroquina e hidroxicloroquina nos primeiros dias de sintomas de Covid-19. Representantes da Fiocruz em Brasília, que classificou o pedido como “pouco profissional”.




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