A campanha e movimento internacional Outubro Rosa, criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, tem como objetivo alertar a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. O movimento conhecido como “Outubro Rosa” é realizado em todo o mundo e desempenha um papel crucial na luta contra a doença que afeta milhões de mulheres.
Segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o que mais acomete mulheres em todo o mundo, ocupando a primeira posição no quesito mortalidade feminina. A estatística é válida tanto para países em desenvolvimento, quanto para os países desenvolvidos. Ainda de acordo com o INCA, são previstos 74 mil novos casos de câncer de mama até o ano de 2025. Em 2020, foram 2,3 milhões de novos casos em todo o mundo. No Brasil, foram mais de 66 mil novos casos da doença.
Estudos realizados pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) mostram o crescimento de aproximadamente 26% nos casos de câncer de mama em estágios mais avançados da doença. Os dados foram publicados no International Journal Public Health (IJPH) com base em estatísticas do Data SUS, do Ministério da Saúde. Segundo os dados, houve redução significativa na realização de mamografias pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde a pandemia da COVID-19.
Realizar exames médicos periódicos é de extrema importância, visto que muitas comorbidades iniciam de forma silenciosa, como pressão alta, diabetes, colesterol alto e problemas cardíacos. Com o câncer de mama não é diferente: quanto mais cedo descoberto, mais rapidamente o tratamento inicia e, consequentemente, aumentam-se as chances de cura da doença. Em geral, quando se sente algo incomum no corpo é porque o problema de saúde pode estar avançado, dificultando o tratamento e, assim, o controle ou cura da doença.
A mamografia é uma ferramenta fundamental na prevenção e detecção precoce do câncer de mama e desempenha um papel crucial na redução da mortalidade pela doença. O exame é capaz de identificar pequenas alterações nos tecidos mamários antes mesmo de um nódulo ser palpável. Segundo a Dra. Priscilla Alencar, ginecologista (Escola de Saúde Pública – Ceará), a mamografia é o exame mais recomendado para o rastreio do câncer de mama e que é importante destacar que a realização anual da mamografia não vai impedir o surgimento do Câncer de mama, mas vai proporcionar o diagnóstico e o tratamento precoces e, assim, aumentará as chances de cura. A médica alerta ainda que mulheres com risco usual para o desenvolvimento do câncer de mama devem iniciar o rastreamento, ou seja, realizar a primeira mamografia, a partir dos 40 anos. Já aquelas mulheres com alto risco para desenvolvimento do câncer de mama, parentes de primeiro grau que tiveram esse tipo de câncer, devem iniciar o rastreamento antes dos 40 anos.
Outubro Rosa também destaca a necessidade de cuidar da saúde mental e da autoestima das mulheres que enfrentam a doença e também após a retirada das mamas. “A remoção das mamas causa uma mudança drástica na aparência física das mulheres. Isso pode fazer com que muitas se sintam desconfortáveis com seu novo corpo e com a perda de uma parte significativa de sua identidade feminina”, esclarece o psicólogo André Carneiro, especialista em terapia Cognitivo Comportamental (TCC).
Adaptar-se à vida após a cirurgia de retirada das mamas é um desafio que requer tempo. Além do desconforto com a aparência, podem surgir: crises de ansiedade, pânico, prejuízo na vida sexual e social. De acordo com o psicólogo André Carneiro, aceitar e abraçar as mudanças são atitudes essenciais para dar um início positivo ao novo ciclo de vida após vencer a doença. O especialista salienta que cada mulher é única no que diz respeito a atitudes pós câncer. “Não existe uma receita específica para recuperar a autoestima após o desgaste físico e emocional causado pelo câncer. Cada mulher reage de uma forma e é importante respeitar as individualidades, o tempo e as necessidades de cada uma”, completa o psicólogo.
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Por isso, a terapia com um profissional de saúde mental é fundamental para lidar com as emoções e preocupações associadas à mastectomia. Algumas mulheres optam por não realizar cirurgias estéticas pós retirada das mamas e outras preferem recorrer a procedimentos em busca da reconstrução dos seios.
Assim, a cirurgia de reconstrução mamária desempenha um papel significativo na recuperação emocional e na autoestima das mulheres após o tratamento do câncer de mama. Ela permite que as pacientes restaurem a aparência física e recuperem a autoestima. Isso não apenas ajuda na recuperação psicológica, mas também na reintegração social e no restabelecimento da confiança.
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“Mulheres que não tiveram perda das mamas procuram a cirurgia de aumento mamário com próteses para melhorar o tamanho, forma ou simetria das mamas. Por outro lado, aquelas que tiveram uma mastectomia e optam pela reconstrução mamária geralmente passam por um processo mais complexo, envolvendo a criação de um novo seio usando implantes ou tecido autólogo, como retalhos de pele e gordura”, explica o cirurgião plástico Ricardo Cavalcanti, professor e chefe da Divisão de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e membro da Sociedade Brasileira e Americana de Cirurgia Plástica.
O pré e pós-operatório para mulheres que passaram por mastectomia podem ser mais minuciosos em comparação a cirurgias estéticas. Antes da cirurgia de reconstrução, é importante discutir opções, expectativas e considerar o estado de saúde geral da paciente. “O pós-operatório envolve um período de recuperação mais longo e pode exigir múltiplas etapas cirúrgicas, como expansores de tecido antes da colocação do implante definitivo. Também é fundamental o acompanhamento médico contínuo para monitorar a saúde das mamas reconstruídas e proporcionar suporte emocional durante o processo”, esclarece o médico professor Dr. Ricardo Cavalcanti.
Como funciona a mamografia:
A mamografia é um exame de imagem que tem como objetivo detectar precocemente alterações na mama, especialmente o câncer de mama. Ela funciona por meio de raios-x de baixa dose que são usados para criar imagens projetadas das estruturas internas das mamas. A mulher posiciona-se de frente para a máquina e coloca a mama entre as duas partes chamadas mamógrafos, que registra o raio-x. É essencial que a paciente fique imóvel e segure a respiração durante alguns segundos para que as imagens saiam nítidas e com qualidade. O recomendado é que a paciente faça o exame entre o 10º e 15º dia após o início da data da menstruação.