Ainda que o país seja favorecido pela geografia, permitindo sol o ano inteiro, a falta de vitamina D tem virado uma “epidemia”. E tem atingido, principalmente, pessoas que vivem em ambiente urbano por passarem a maior parte do dia em locais fechados. Apesar do nome, ela é considerada um hormônio importante para a saúde e é responsável pela manutenção dos sistemas muscular e esquelético. Em baixos níveis, favorece o desenvolvimento de doenças, como câncer, osteoporose, hipertensão, diabetes, asma, esclerose múltipla e doença de Chron.
A deficiência da vitamina D é silenciosa e requer atenção
Segundo a médica especialista em nutrologia, Lidiane Resende, de Fortaleza, é preciso ter atenção redobrada pois os sintomas não são característicos. “Tenho visto muitos pacientes com falta de vitamina D, mas há como prevenir e tratar. O diagnóstico é feito através de um exame de sangue, que vai avaliar o paciente de forma global e verificar se há a necessidade de suplementação para normalizar a produção da substância”, explica a médica.
Alimentação não é suficiente para repor a falta de vitamina D
Alguns alimentos, como cogumelos, óleo de fígado de bacalhau, salmão, gema de ovo e atum ou cavala em conserva, são fontes de vitamina D. Porém, segundo a endocrinologista Lorenna Rodrigues, de Fortaleza, as fontes nutricionais desse nutriente são escassas e seria preciso uma dosagem muito alta de alimentos para obter a reposição ideal.
O sol não é inimigo
Cerca de 80 a 90% da vitamina D necessária é obtida através dos raios solares, já que são responsáveis por fazerem a síntese dela no organismo. Por isso, é necessária a exposição ao sol para a manutenção dos seus níveis saudáveis. “Para os indivíduos de pele clara, se expor de 5 a 10 minutos em um dia ensolarado e uma vez por semana, pode ser suficiente para manter a produção ideal do nutriente em pessoas que já estejam com níveis normais”, explica a Dra. Lorenna.
A médica alerta, ainda, que o banho de sol deve ser feito sem o bloqueio de protetores solares. E é necessário mesclar com uma boa ingestão de alimentos ricos em vitamina D. Além disso, o tempo de exposição será maior em outros grupos de pessoas, como obesos e negros. No entanto, vá com calma! Há riscos dos raios UVB causarem danos, como o envelhecimento precoce e o câncer de pele, por isso, atenção aos horários: antes das 10 horas ou depois das 16 horas. Tudo é uma questão de equilíbrio.
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Na gravidez os risco são ainda maiores
Manter os níveis normais de vitamina D no organismo é vital para uma gestação saudável. Além de ser uma grande aliada da fertilidade, ela previne várias doenças, como a diabete gestacional, o baixo peso fetal, a restrição de crescimento intrauterino e crescimento ósseo fetal e trabalhos de parto prematuros. E ainda diminui os riscos de pré-eclâmpsia e doença da gravidez em que a gestante desenvolve hipertensão e prejudica o fluxo de sangue para o bebê. No pior dos cenários, a falta dessa vitamina pode causar alteração na coagulação sanguínea provocando descolamento prematuro da placenta, complicação que pode desencadear hemorragia e um parto de urgência.
Aborto
No primeiro trimestre de uma gestação, a falta de vitamina D pode levar a abortos espontâneos. É o caso de mulheres que sofrem com abortos múltiplos logo no início da gravidez, onde o organismo rejeita a implantação do embrião. Nesses casos a reposição desse nutriente pode resolver o problema, já que ela atua no sistema imunológico.
Préeclâmpsia
A vitamina D também influência na produção da renina, principal hormônio regulador da pressão arterial. Níveis não saudáveis do nutriente podem causar a préeclâmpsia ao final da gravidez. Doença em que a gestante desenvolve hipertensão arterial.
Autismo
Pesquisas apontam que as gestantes que não está em dia com seus níveis de vitamina D possuem maiores chances de gerar uma criança autista, já que ela também age como ativadora de hormônios do cérebro que afetam o comportamento social, a serotonina, a ocitocina e a vasopressina.
Pesquisas comprovaram
O resultado de uma pesquisa publicada em fevereiro de 2014, na Human Reproduction, revista da Sociedade Europeia de Medicina Reprodutiva e Embriologia, mostrou que de 133 mulheres que tiveram três ou mais perdas gestacionais consecutivas, 47% delas apresentaram deficiência de vitamina D.
As mulheres diagnosticadas com baixos níveis de vitamina D, apresentaram maiores níveis de anticorpos antifosfolípides, relacionados à trombofilia. Ou síndrome de anticorpos antifosfolípide, que é a propensão de desenvolver trombose, inclusive, durante a gravidez, o parto e pós-parto. Isso acontece devido a uma anomalia no sistema de coagulação do corpo. Além disso, outros anticorpos, como o Fator Antinúcleo (FAN), que está relacionado ao Lupus; e o anti-peroxidase, relacionado à doenças da tireóide, também estavam alterados nas mulheres que apresentavam a falta de vitamina D.
Segundo o médico especialista em medicina reprodutiva, Daniel Diógenes, esses dados refletem a importância até mesmo dos detalhes para a preservação de uma boa fertilidade. “Talvez, no futuro, a reposição da vitamina D possa vir a ser um tratamento para as perdas de repetição. Mas, desde já, é importante a boa manutenção dos níveis de vitamina D no organismo feminino, antes e durante a gravidez”, explica o especialista.