A saúde dos filhos é sempre uma preocupação para os pais, especialmente durante a adolescência, período em que há maior tendência ao surgimento de problemas ortopédicos, como a escoliose — a curvatura anormal da coluna vertebral. Para conscientizar a população sobre essa condição, serviços e órgãos de saúde trabalham o movimento Junho Verde, com ações educativas e informativas ao longo deste mês. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 4% da população mundial é afetada pela escoliose. No Brasil, a estimativa é que entre 2% e 4% das pessoas apresentem a condição, o que corresponde a cerca de 6 milhões de indivíduos. A maioria dos casos — cerca de 80% — é classificada como idiopática, ou seja, sem causa conhecida. No Ceará, o tema também recebe atenção especial. Dados da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) indicam que, em 2024, o Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) realizou procedimentos corretivos da coluna em 47 crianças, intervenções essenciais para melhorar a qualidade de vida desses jovens.
“A escoliose pode surgir em qualquer fase da vida, mas é mais comum que se desenvolva no início da adolescência, no momento do chamado ‘estirão’. Nessa fase, a deformidade pode progredir rapidamente devido ao crescimento, em razão da puberdade”, explica a ortopedista e traumatologista Gabriella Brito, cirurgiã de coluna e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – Seção Ceará (SBOT-CE), que alerta para a necessidade de se detectar o problema o quanto antes. “É possível notar sinais como assimetria na cintura, um ombro mais alto que o outro ou a presença de uma gibosidade — conhecida popularmente como ‘corcunda’ nas costas”, alerta a especialista.
Danos à saúde
A ortopedista Gabriella Brito ressalta que a escoliose não tratada pode causar diversos danos à saúde. “Além dos prejuízos estéticos, que podem gerar problemas psicológicos relacionados à autoimagem e até bullying, a deformidade pode provocar complicações físicas, como dificuldades respiratórias devido à redução da caixa torácica”, destaca. “Alguns hábitos podem agravar o quadro, como fumar, manter má postura, o sedentarismo e carregar pesos de forma inadequada”, reforça.
A cirurgiã de coluna enfatiza que a melhor forma de prevenção é a detecção precoce da escoliose, evitando que a doença avance. “O tratamento pode variar desde fisioterapia com exercícios específicos e uso de coletes ortopédicos até intervenções cirúrgicas para o realinhamento da coluna”, explica Gabriella Brito. “Seja como for, os pais não precisam se preocupar com a gravidade do problema, desde que ele seja detectado com brevidade, para devolver a qualidade de vida ao jovem”, observa.