O Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh, formado pelo Hospital Universitário Walter Cantídio e pela Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, passa a ofertar, a partir desta semana, 101 leitos exclusivos para tratamento de covid-19, sendo 81 de enfermaria e 20 de UTI. Isso representa um crescimento de 494% da oferta total de leitos exclusivos para o novo coronavírus à população cearense em relação ao anúncio dos primeiros 17 leitos – 11 de enfermaria e 6 de UTI –, feito pelo CH-UFC ainda em 20 de abril de 2020. De lá para cá, o aumento da oferta de leitos tem sido progressivo, especialmente nas últimas semanas.
Com o objetivo de ajudar a compor as equipes, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), estatal ligada ao Ministério da Educação (MEC), reabriu as inscrições para a contratação temporária de profissionais. São três processos seletivos emergenciais (PSEs) com inscrições abertas, via internet, até a próxima sexta (19). Para o Complexo Hospitalar da UFC (CH-UFC), haverá cadastro para médicos especialistas em infectologia, nefrologia, neonatologia, pneumologia, radiologia e diagnóstico por imagem, clínica médica, medicina de emergência, medicina intensiva, medicina do trabalho, além de médico plantonista. Desde o início da pandemia, a Ebserh/MEC já contratou mais de 4 mil profissionais por meio das seleções emergenciais. Mais informações, no site do CH-UFC: http://ch-ufc.ebserh.gov.br/
No último fim de semana de fevereiro, a Secretaria de Saúde de Fortaleza recorreu ao Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh solicitando um incremento substancial de leitos para covid. Desde então, as áreas assistenciais, administrativas e de ensino e pesquisa do CH-UFC vêm realizando reuniões, planejando e executando as adaptações necessárias na infraestrutura e nas escalas de pessoal, na aquisição de insumos e no treinamento adequado de equipes para disponibilizar os leitos requisitados. “Entendemos que o momento é de união, solidariedade e luta. E não há nada que expresse, suficientemente, o orgulho que estamos sentindo dos nossos colaboradores. Esta doença tão desafiadora não contava com um exército de profissionais competentes, corajosos e dedicados como o nosso. Juntos, vamos vencer o vírus”, diz o Prof. Carlos Augusto Alencar Júnior, superintendente do CH-UFC.
Recursos descentralizados
Mesmo neste difícil contexto, o CH-UFC teve descentralizados mais de R$ 28,3 milhões em recursos oriundos do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), da contratualização com a Prefeitura de Fortaleza e de recursos próprios da Ebserh. Essa última fonte permitiu a descentralização suplementar no valor de R$ 4.050.924,00 para aquisição exclusiva de luvas de procedimento para o combate à pandemia no Complexo Hospitalar por 6 meses. Há, em curso, 20 processos de licitação, 11 deles com foco no combate à covid-19.
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“Estamos enfrentando desafios diários para manter o HUWC e a MEAC em pleno funcionamento para atender os pacientes acometidos pela covid-19 e responder a mudança no perfil assistencial. Para isso, temos contado com o envolvimento de todos os colaboradores em ações articuladas para adequar ambientes, mobiliário, equipamentos médico-hospitalares, medicamentos e prover demais insumos, com agilidade, sobretudo, em um cenário de ausência de matéria-prima e oscilação do dólar. Esse empenho é fruto da crença na importância dos hospitais para a sociedade e da nossa fé em um futuro com dias melhores”, avaliam Eugenie Néri e Laurimberg Diniz Cavalcante, gerente administrativa e chefe da Divisão Administrativa-financeira do CH-UFC.
Hospital Universitário
No Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), as clínicas médicas IIA e IIB foram disponibilizadas para funcionar com os seus 32 e 42 leitos, totalizando 74 leitos para internação de pacientes suspeitos e/ou confirmados de covid-19, vindo de unidades do próprio Complexo Hospitalar ou encaminhados pelo sistema de regulação de leitos de Fortaleza. As unidades foram sinalizadas como área restrita para paciente covid e receberam importantes melhorias estruturais, como instalação de divisória para isolar as unidades de clínica médica e de portas com visores em todas as enfermarias. Quatro enfermarias receberam filtro HEPA (tecnologia empregada em filtros de ar com alta eficiência na separação de partículas) a fim de minimizar os riscos de disseminação da doença e garantir maior segurança entre pacientes e profissionais da saúde.
A capacidade de leitos de terapia intensiva no combate ao novo coronavírus duplicou no HUWC. A UTI Clínica tornou-se exclusiva para esse tipo de tratamento. Sendo assim, o Hospital Universitário passa a contar com 2 UTIs exclusivas para covid-19, o que totaliza 14 leitos de terapia intensiva. Nesse novo cenário, a UTI Cirúrgica assume o perfil de cuidados intensivos de pacientes não covid no HUWC, funcionando com 9 leitos clínicos e cirúrgicos, sendo dois deles de isolamento, para garantir o fluxo das cirurgias de urgência durante a vigência da pandemia.
Maternidade-Escola
Apesar de não ser unidade de referência para covid no Ceará, a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (MEAC) está sendo um importante ponto de apoio para toda a rede de saúde de Fortaleza com relação ao recebimento de gestantes, especialmente de alto risco, que precisam de internação; sendo impactada também com o fechamento ou restrição da assistência obstétrica em outros hospitais da cidade. Para tanto, foram implementados sete leitos de enfermaria exclusivos para pacientes com a infecção e mais um de isolamento que serve de apoio para os excedentes; seis leitos exclusivos para recém-nascidos acometidos ou em investigação de covid; além de cinco leitos na UTI materna (não covid). “Todo esse esforço tem exigido muito das nossas equipes, que se mostram cada vez mais preparadas e completamente comprometidas com a causa”, acrescenta Edson Lucena, gerente de Atenção à Saúde da MEAC.
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Entre os profissionais de saúde do CH-UFC, houve reforço nos treinamentos de atualização sobre covid-19 e medidas de precaução; uso do capacete Elmo (de respiração assistida); reanimação cardiopulmonar; paramentação e desparamentação de equipamentos de proteção individual (EPIs); higienização das mãos; entre outros. Novos médicos, enfermeiros e fisioterapeutas contratados foram treinados quanto aos protocolos institucionais e medidas preventivas para covid-19. Também foram publicados novos documentos adaptados à segunda onda da infecção e às novas cepas do coronavírus pelos Serviços de Avaliação e Monitoramento da Qualidade. Por sua vez, os Serviços de Controle de Infecção Hospitalar adaptaram fluxos, reforçaram treinamentos e orientaram em relação às demais medidas de segurança hospitalar.
“Estamos passando por mais um grande desafio. Isso gera apreensão, medo e angústia. No entanto, saber que estamos preparados nos conforta e nos dá mais segurança para continuar nossa missão. É gratificante saber que estamos trabalhando para ofertar vagas para tantos pacientes que precisam. Estamos realizando um trabalho com envolvimento de toda a equipe”, afirmam Mona Lisa Bruno e Emeline Moura Lopes, chefes dos Setores de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente do HUWC e da MEAC. Também foi realizada a aquisição, o abastecimento e a disponibilização de todos os EPIs (luvas, máscaras, aventais, protetores faciais etc), conforme protocolos institucionais, de modo a prover maior segurança a colaboradores e pacientes.
Equipamentos médico-hospitalares
De forma articulada e integrada, a equipe de Engenharia Clínica trabalhou no suporte às áreas assistenciais para estruturação de leitos para atendimento de pacientes com covid-19, atuando no remanejamento interno de equipamentos médicos e colaborando no planejamento para aquisição de insumos para esses itens. Os leitos estão equipados com camas elétricas, monitores multiparamétricos, bombas de infusão, ventiladores mecânicos, entre outros itens prioritários.
Segundo o gerente de Atenção à Saúde do HUWC, Arnaldo Peixoto, os leitos contam com equipes multiprofissionais compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, farmacêuticos e nutricionistas. “Profissionais de altíssimo nível que passaram por diversos treinamentos de atualização. Estamos prontos para enfrentar esta nova fase”, garante o gestor. Além disso, todos os serviços relacionados ao apoio diagnóstico e terapêutico estão à disposição dos novos leitos, como centro cirúrgico, central de material e esterilização, anestesia, reabilitação, laboratório central, radiologia, endoscopia e nutrição.
O gerente de Atenção à Saúde do HUWC também ressalta o trabalho das coordenações de enfermagem e das divisões de Enfermagem e de Apoio Diagnóstico Terapêutico, que contribuíram para a organização de escalas, previsão de insumos e equipamentos; e das Divisões Médica e de Gestão do Cuidado, pela organização das equipes médicas. “Coordenação essa que passa pelo apoio fundamental dos residentes médicos e multiprofissionais, orientados pela Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP)”, conforme destaca o gestor da área, Renan Magalhães Montenegro Junior. A GEP também treinou, até o momento, 200 profissionais, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e residentes médicos e multiprofissionais, no uso do capacete de respiração assistida Elmo. “Estamos treinando todos os que atuam ou podem vir a atuar na linha de frente. O Elmo utiliza um mecanismo de respiração artificial não invasivo que melhora a oxigenação dos pacientes de covid-19, evitando, em 60% dos casos, a intubação”, explica Renan Junior.
“Readequamos o dimensionamento de enfermagem com a admissão de novos colaboradores, fizemos remanejamentos entre as unidades de internação e recrutamos profissionais dos ambulatórios de acordo com critérios que priorizam a segurança do paciente e do trabalhador. A enfermagem mais uma vez reúne forças e se une à equipe multiprofissional com o propósito de seguir salvando vidas, mesmo diante do cansaço e do medo, mas com o coração cheio de esperança e vontade de fazer o diferencial na vida de cada paciente, transmitindo pelas nossas mãos todo o amor e a fé que temos de que tudo isso logo passará”, afirma a enfermeira Kelly de Castro Carvalho.
Na Hotelaria, o principal ponto foi a reavaliação dos insumos da higienização, uma vez que a frequência da limpeza aumentou com os novos leitos. “Quanto ao item de roupas hospitalares, estamos melhorando os controles de distribuição e uso e lançando estratégias diárias para garantir o abastecimento. Estamos segregando os enxovais das áreas covid para envio ao fornecedor, visando maior atenção no reprocessamento”, destaca Claudia Sebastiana da Silva, chefe do Setor de Hotelaria do CH-UFC. A área segue intensificando a higienização de elevadores, áreas comuns e ambulâncias e reforçando o treinamento das equipes in loco. “Sempre que necessário realocamos pessoal da higienização e maqueiros”, completa.
SERVIÇO:
Reabertura de inscrições para a contratação de profissionais para toda a Rede Ebserh
Para saber quais hospitais e suas respectivas especialidades e ainda realizar a inscrição, acesse: http://bit.ly/pse-ebserh