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Covid-19: volta às aulas presenciais é desafio às autoridades

Especialistas e pesquisas indicam que retorno é precoce e representa risco considerável de contaminação pela doença

7 de agosto de 2020
aulas presenciais

Conselho Municipal de Educação de Fortaleza (CME) orienta que aulas presenciais devem ter retorno gradual, em turmas reduzidas.

A retomada das aulas presenciais em escolas e universidades no Ceará está prevista para acontecer em setembro conforme anúncio do governo estadual. Porém, essa decisão ainda causa polêmica entre instituições de ensino, pais e autoridades médicas, que consideraram o retorno às aulas precoce por apresentar risco considerável de contaminação por Covid-19.

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O Conselho Municipal de Educação de Fortaleza (CME) divulgou, na última quarta-feira (6), um parecer técnico com uma série de medidas de segurança para orientar a Secretaria Municipal de Educação (SME) e escolas de ensino infantil e fundamental de Fortaleza.

“O retorno escalonado, em turmas reduzidas, com revezamento de estudantes por turma, dias e/ou semanas e com a utilização do modelo híbrido de ensino, que alterna estratégias presenciais e remotas de atividades com os estudantes para complementação de aprendizagens e de carga horária”, destaca o CME.

Risco

O diretor-assistente da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, afirmou, na última terça-feira (4), que a reabertura de escolas em locais onde a Covid-19 ainda não foi controlada pode ser um fator de risco para novos surtos.

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Uma pesquisa publicada no último dia 2 de julho pela Texas Medical Association mostra que, dentro da escala que define atividades do dia a dia em cinco graus de contágio pela Covid-19 (pouco risco, médio-baixo, risco médio, médio-alto e risco alto), a ida à escola enquadra-se no risco médio. A tabela tem validade apenas para caso onde as pessoas estão seguindo as orientações básicas da Orientação Mundial da Saúde (OMS), como distanciamento social de cerca de 2 metros entre pessoas, uso de máscaras e hábitos de higiene.

Para o infectologista do Hospital São José, Keny Colares, o retorno às aulas em escolas e universidades é uma decisão que necessita de bastante cautela.

“Em todos os países, essa decisão de retorno às aulas é uma das mais difíceis a serem tomadas, porque é talvez onde a gente tem o risco maior de perder todos os avanços que já foram colocados, fazer com que a epidemia saia do controle. Vai ser preciso haver uma grande vigilância de pessoas doentes dentro desses ambientes das escolas”, afirma o profissional.

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O médico destaca o vírus ainda está em circulação e que as pessoas ainda estão suscetíveis à doença. Keny avalia que crianças e jovens ainda permaneceram em um grau de isolamento maior que os adultos e possuem uma maior chance de ainda não terem sido contaminados pela Covid-19.

“Se ainda houver o vírus circulando, seria como jogar gasolina em um carvão com um fogo que ainda está se apagando, mas não apagou. Essa fogueira ainda pode voltar a subir”, analisa.

O infectologista pondera que a retomada das atividades nas instituições de ensino podem ocorrer se a região encontrar-se em situação de baixa transmissão, se for estabelecido um plano para garantir a segurança de professores, alunos e funcionários e se houver uma preparação para realizar esquemas de testagem.

Em Fortaleza

A Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) reforçou que esses fatores já estão sendo analisados pelas autoridades e pelo Comitê científico. O prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio destacou que “uma segunda questão fundamental é ter capacidade de se monitorar. Eventualmente se alguma criança ou trabalhador positivar para Covid-19, que a gente tenha capacidade de acompanhar todos os contatos dessa pessoa e agir rapidamente para prevenir a ocorrência de algum pico dentro da escola”.

Prevenção

O infectologista Keny Colares também abordou o desafio de fazer com que crianças e jovens entendam e coloquem em prática as medidas de higiene e isolamento social, fundamentais para evitar a disseminação do vírus no ambiente, já que esse público terá contato com outros indivíduos em ambiente externo e, caso infectadas, poderão contaminar membros da família ou pessoas do convívio.

Segundo o médico, será necessário “diminuir a circulação dos profissionais que não são professores e fazer com que eles não tenham muitas interações com os alunos e capacitar os professores para que eles saibam liderar esse processo em sala de aula e saibam o que deverá ser feito”.

Diante disso, o especialista explica que o número de pessoas em sala de aula poderá ser reduzido para facilitar o distanciamento social e momentos de lazer que envolvam aglomerações poderão não ocorrer. O profissional também alerta para atividades que envolvem a ida e retorno à escola, como a utilização de transportes para locomoção. Os veículos devem permanecer abertos, higienizados e o passageiro deverá lembrar de utilizar a máscara de proteção.




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