Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a cada 45 minutos, um brasileiro tira a própria vida e cerca de 90% dos casos poderiam ser tratados. Porém, ainda há um lado pouco discutido e que também merece ser posto em destaque: pessoas com Espectro de Transtorno Autista (TEA) são quatro vezes mais propensas a sofrer de depressão ao longo da vida.
É neste âmbito que o Setembro Amarelo tem o objetivo de fortalecer o debate sobre prevenção ao suicídio. “Infelizmente pessoas com TEA ainda são invisibilizadas na sociedade, porém, cada jornada importa e deve receber os cuidados necessários”, expõe Graziela Monte, psicóloga e coordenadora de desenvolvimento humano do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).
A psicóloga explica que quem tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) possui uma presença de prejuízos na comunicação, interação social e a existência de comportamentos repetitivos e restritivos. Além desses, outros transtornos podem ser desencadeados, como depressão, ansiedade, entre outros.
Uma luta diária
Uma pessoa com TEA passa por uma luta diária que ninguém percebe. Crianças e adultos com o transtorno sobrevivem em um mundo que não entende o seu cérebro, com estímulos constantes, como barulhos, luzes, etc., além disso, a dificuldade em colocar palavras no que sente, faz com o que muitos sofram sozinhos, criando um isolamento que não é saudável.
“Sentir que nunca é suficiente, que está sempre “errado”, mesmo sem ter feito nada, pode gerar pensamentos automáticos de desvalorização e autocrítica intensa. Cada esforço para se adaptar ao mundo neuroatípico drena energia de formas que ninguém vê. Esse é o custo real de existir em um ambiente que não foi feito para seu cérebro”, explica a psicóloga.
O que fazer?
O apoio de pessoas ao redor pode ser um alívio para essas situações e para isso, algumas ações podem ser tomadas, como, a validação de sentimento e sem o uso de julgamentos, a criação de ambientes confortáveis e com baixa sobrecarga de estímulos, proporcionar um acompanhamento multiprofissional e respeitar ritmos e limites daquela pessoa.
A musicoterapia é um exemplo de abordagem terapêutica que tem se mostrado eficaz para auxiliar na comunicação e expressão, facilitando na articulação das emoções e pensamentos que são difíceis de verbalizar. “Após a anamnese, é definido um plano terapêutico em que canções e instrumentos musicais auxiliam a desenvolver cognitivamente o paciente nas áreas de comunicação, socialização, regulação emocional, desenvolvimento sensorial, atenção e autoestima.”, explica o musicoterapeuta, Fred Oliveira.
O profissional reforça que a música tem o poder de contribuir positivamente no conforto emocional, auxiliando na redução do estresse. “O uso dessa poderosa ferramenta é indicado não somente para pessoas neurodivergentes, mas também para quem sofre de ansiedade e depressão, independente da idade.
“Se você está passando por um momento difícil, lembre-se: você não está sozinho(a). Ligue gratuitamente para o CVV Centro de Valorização da Vida, no número 188, disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana. E se alguém próximo demonstrar sinais de sofrimento, ofereça sua escuta. Pequenos gestos podem salvar grandes histórias”, finaliza Graziela.