Reconstrução mamária: mutirão realizado no Hospital Universitário Walter Cantídio tem como objetivo zerar a fila de espera de pacientes de reconstrução tardia. A ação é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). E aqui no Ceará, tem como parceiros o Hospital Universitário, a Universidade Federal do Ceará, a SBCP Regional Ceará e a Escola de Saúde Pública. A primeira etapa aconteceu no dia 24, e a segunda será no dia 26 de outubro, para as mulheres mastectomizadas (que retiraram uma ou ambas as mamas em razão do câncer de mama).
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Antes, a reconstrução mamária não era um direito garantido por lei. Atualmente, é parte integrante da proposta de tratamento para o câncer de mama implementada no Brasil. Por isso, 19 dessas mulheres terão a oportunidade de reconstruir uma ou ambas as mamas no Hospital Universitário Walter Cantídio, unidade de saúde do Ceará que recebeu o maior número de próteses do 2º Mutirão Nacional de Reconstrução Mamária. No Estado, participam também o Instituto do Câncer do Ceará (ICC), o Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e o Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC).
Reconstrução mamária
As pacientes que vão participar do mutirão já foram selecionadas e realizaram previamente todos os exames necessários para a cirurgia. Em todo o Brasil, a previsão é de que pelo menos 842 procedimentos sejam realizados em 98 hospitais do país. Ao todo, 18 unidades da Federação que contam com uma regional da entidade participam da ação. São elas: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Pará, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além do Distrito Federal.
De acordo com o Dr. Vitor Muniz, chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do HUWC, e o Dr. Salustiano Pessoa, chefe da Residência em Cirurgia Plástica do hospital, ações como essa são muito importantes para devolver a essas mulheres autoestima e qualidade de vida. “Estudos mostram que as mulheres reconstruídas têm menor chance de reincidir no câncer porque essas doenças estão relacionadas à produção de endorfina e ao equilíbrio emocional. Mulheres mastectomizadas são mais deprimidas, mutiladas, tristes. Mulheres reconstruídas retomam seu relacionamento afetivo, encontram um ponto de equilíbrio psicoafetivo e uma melhora do humor e do estado depressivo”, avalia Luciano Chaves, presidente da SBCP.
Realidade no Brasil
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o Brasil registra cerca de 50 mil casos de câncer de mama anualmente. Desses, em torno de 12 mil pacientes morrem após o diagnóstico. Dos outros 38 mil, cerca de 5 mil conseguem fazer a reconstrução mamária pelo convênio ou plano de saúde, enquanto mais de 30 mil mulheres dependem da rede pública para o procedimento.
“Todos os anos, acumulamos aproximadamente entre 25 mil e 27 mil mulheres que ficam sem realizar a reconstrução mamária. O tempo médio de espera de uma mulher brasileira que permanece mastectomizada na rede pública gira em torno de dez anos. Na França, por exemplo, de cada 100 mulheres submetidas à mastectomia, 82 fazem a reconstrução no primeiro ano após o procedimento”, compara Chaves. Conforme levantamento da SBCP, em 2012, quando foi realizado o 1º Mutirão Nacional de Reconstrução Mamária, 555 pacientes foram operadas no prazo de uma semana. Enquanto a rede pública realizou 1.120 cirurgias em um ano.