De maneira simples, o estresse é a resposta natural do organismo diante de situações que exigem adaptação, seja física ou emocional. Neste estado, o corpo pode ter algumas manifestações como, aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, respiração mais rápida, tensão muscular, alterações no sono, irritabilidade e dificuldade de concentração.
Dr. Rômulo Viana, médico do trabalho do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), comenta que, “quando passamos por pressões ou ameaças, o corpo libera hormônios como adrenalina e cortisol, preparando-nos para ”lutar ou fugir”, explica. E quando esses momentos de tensão passam de pontuais para crônicos, o corpo assume um estado de alerta prolongado, o que acaba gerando um desgaste físico e mental.
Nesse cenário, o estresse crônico tem o poder de afetar diretamente o coração, já que, com o aumento do ritmo cardíaco, o corpo reflete em um aumento persistente da pressão arterial, demandando maior quantidade de oxigênio para o coração, aumento da inflamação nos vasos sanguíneos e a maior tendência à formação de placas de gordura.
“Tudo isso favorece arritmias, hipertensão, infarto e derrame. Hoje sabemos que o estresse emocional é um fator de risco independente para doenças cardiovasculares. Ele potencializa os efeitos da hipertensão, do colesterol alto, da diabete e do sedentarismo, funcionando como um “gatilho” para eventos graves, como infarto e AVC”, expõe o médico.
Sinais de risco
Antes de algo efetivamente acontecer, o corpo solta alerta de possíveis riscos cardíacos, entre os mais comuns são o cansaço exagerado, insônia ou sono não reparador, palpitações frequentes, aumento persistente da pressão arterial, dores no peito em situação de tensão, alterações no apetite com perda/ ganho de peso e irritabilidade ou crises de ansiedades.
Porém, conhecer o seu corpo e distinguir entre estresse e sintoma cardíaco é fundamental. Quando há sintomas relacionados a estresse, geralmente são em momentos de ansiedade e melhoram com repouso e técnicas de relaxamento. Porém, quando há sintomas, como dor no peito que pode irradiar para braço, mandíbula ou costas, acompanhada de suor frio, falta de ar e náuseas, nesses casos, é urgente procurar atendimento médico.
Hábitos que reduzem impactos
Praticar atividade física regular, manter alimentação equilibrada, dormir bem, praticar técnicas de relaxamento (respiração profunda, meditação, oração), evitar excesso de cafeína, álcool e tabaco, ter momentos de lazer e convívio social são alguns dos hábitos que podem reduzir o estresse e o impacto no coração.
Além disso, Dr. Rômulo ainda clarifica sobre a adoção de uma rotina de autocuidado integral, que inclui consultas regulares com médico de família ou cardiologista, acompanhamento psicológico/psiquiátrico quando necessário, exercícios aeróbicos (caminhada, natação, bicicleta), técnicas de manejo do estresse, boa higiene do sono e check-up anual com exames laboratoriais e cardiológicos.
“O coração não sofre apenas de maus hábitos alimentares ou sedentarismo, mas também de emoções mal administradas. Gerenciar o estresse é tão importante quanto controlar a pressão ou o colesterol. Cuidar da mente é cuidar do coração. Pratique atividades prazerosas, fortaleça laços sociais e não hesite em procurar ajuda médica e psicológica. Lembre-se: a prevenção é o melhor remédio para que o coração bata com saúde e tranquilidade por muitos anos”, finaliza.