O Brasil ainda é um dos países que mais registram casos de cárie na população. Quase 90% dos brasileiros têm ou já tiveram a doença, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Embora ela seja um problema de fácil tratamento quando tratada precocemente, a cárie pode progredir rapidamente, explica Paula Ventura, coordenadora da Clínica Odontológica do Centro Universitário Fametro (Unifametro).
“A saúde bucal da população ficou ainda mais afetada durante a Covid-19, uma vez que o atendimento odontológico passou a ser visto como risco de contaminação para os profissionais e pacientes. O Conselho de Odontologia, no início da pandemia, recomendou apenas a manutenção dos atendimentos de urgências, devendo ser adiados os tratamentos eletivos. Com isso, ocorreu a diminuição da oferta do serviço. Também foi percebido um grande déficit com a impossibilidade da realização de atividades educativas como escovação supervisionada e orientação de higiene bucal”, ressalta Paula.
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Para a profissional, já é perceptível um impacto negativo na saúde bucal da população de várias formas, já que normalmente a maioria dos problemas bucais podem ser evitados com o tratamento e a identificação precoce, o que foi impossibilitado pela a diminuição na rotina de consultas.
“Porém, no contexto atual da pandemia, a orientação é que sejam realizados os procedimentos de urgência, emergência e, também, que já retornem os eletivos. Contudo, ainda existe um receio por parte da população, o que tem feito com que a retomada esteja ocorrendo de forma gradual. Além disso, o Conselho Federal de Odontologia editou manuais com orientação de práticas de biossegurança para os ambientes odontológicos, que preveem medidas que intensificam os cuidados já existentes, como utilização de EPI, esterilização e desinfecção de instrumentos e de ambientes”, explica Paula.
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Informação e saúde bucal
A especialista ainda destaca: “apesar de todo esse incentivo, acredito que levará ainda algum tempo para que a situação se normalize e a população retorne com frequência às consultas odontológicas. Diante deste cenário, é muito importante combater a desinformação, reforçar a importância da saúde bucal e garantir que o tratamento odontológico seja cada vez mais seguro”.
Com isso, as recomendações seguem a mesma linha de sempre: escovar os dentes após as principais refeições, tendo o cuidado de não dormir sem realizar a higiene bucal; realizar a técnica correta de escovação; escolher corretamente a escova de dentes, de preferência com cerdas macias, cabo reto e a cabeça pequena; escolher um creme dental adequado, contendo flúor; trocar a escova a cada três meses; usar o fio dental; não compartilhar a escova de dente e marcar a consulta odontológica regular. “Essa rotina diária é importante e os cuidados devem ser redobrados na pandemia, uma vez que a porta de entrada da infecção é o trato respiratório superior”, salienta.
Ansiedade x bruxismo
Ainda de acordo com Paula, o estresse e ansiedade nesse período geraram problemas nos dentes ou na face. “O sentimento de estar isolado, devido ao distanciamento social, mostrou resultados na saúde mental da população. Isso não só diminuiu a qualidade de vida das pessoas, como também afetou a saúde bucal. Casos de bruxismo, que é o ranger de dentes durante a noite ou dia, aumentaram. Essa situação, agravada por problemas mentais e psicológicos, causa desgaste nos dentes, e esse desgaste pode ocasionar também dores de cabeça, dores de ouvido e até mesmo dores na coluna. Em casos mais extremos, essa tensão no maxilar, devido à ansiedade e ao estresse, pode acarretar em perda de dentes”, finaliza.
Informações Lara Silveira