Apesar da aparência inofensiva, o tradicional morango do amor, fruta coberta por uma camada espessa de açúcar caramelizado, pode representar riscos à saúde quando consumido com frequência. O alerta é do endocrinologista Enzo Loandos Oliveira, do Instituto de Educação Médica (IDOMED).
Nos meses de julho e agosto de 2025, o consumo da iguaria aumentou e o morango do amor se proliferou por todo o país, aparecendo também em vídeos e publicações nas redes sociais, onde é exibido como uma alternativa “romântica” ou “estética” aos doces tradicionais. No entanto, o resultado final é um alimento altamente calórico e com alto índice glicêmico.
“O morango em si é uma fruta rica em fibras e antioxidantes. O problema é que, quando envolvido em uma calda de açúcar puro, perde seu valor nutricional e se transforma em uma sobremesa com potencial inflamatório e risco metabólico”, explica Enzo.
Segundo o especialista, o consumo frequente de alimentos ricos em açúcar, como o morango do amor, está associado ao aumento da incidência de doenças como diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão e até problemas cardiovasculares. Além disso, há impactos na saúde bucal, já que o açúcar endurecido pode grudar nos dentes e favorecer o surgimento de cáries, principalmente em crianças.
“Uma camada de açúcar caramelizado como a do morango do amor pode conter o equivalente a três ou quatro colheres de sopa de açúcar refinado, o que é suficiente para causar um pico glicêmico significativo”, destaca o endocrinologista.
Embora o consumo eventual desse tipo de doce não represente, por si só, um risco grave à saúde, a recomendação é de cautela. “O consumo pontual, uma vez ou outra em ocasiões especiais, não é o problema. A preocupação está na repetição, no hábito de incluir esse tipo de doce na rotina alimentar”, afirma o médico. “Não existe uma quantidade exata segura, mas quanto menos açúcar refinado, melhor para o corpo.”
Entre os sinais que o corpo pode apresentar com o consumo excessivo de açúcar, o médico cita cansaço constante, oscilações de humor, aumento de gordura abdominal, compulsão alimentar, acne, dores de cabeça e maior propensão a infecções.
“O corpo dá sinais de que algo está errado. Muitas vezes, os pacientes sentem fadiga crônica e não associam isso ao excesso de açúcar na alimentação”, explica.
Para ele, o papel do endocrinologista vai além do diagnóstico e do tratamento. “Também somos educadores em saúde. Quando o paciente consome doces com frequência, mesmo em versões ‘disfarçadas’ como frutas caramelizadas ou doces caseiros, é fundamental orientar sobre os riscos e ajudar a construir novos hábitos alimentares. A prevenção ainda é o melhor caminho”, conclui.