Setembro é dedicado à conscientização sobre a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), uma condição caracterizada por um desequilíbrio hormonal que se manifesta por meio de uma série de sinais e sintomas, como ovários multicísticos e de volume aumentado, ciclos menstruais irregulares, altos níveis de hormônios masculinos, que podem levar a acne e presença de pêlos em locais indesejados. Entretanto, um dos aspectos mais preocupantes é seu impacto direto na fertilidade.
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De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), a SOP afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva, alterando os níveis hormonais e comprometendo o funcionamento adequado dos ovários. Mulheres com a síndrome frequentemente enfrentam dificuldades para engravidar devido à anovulação crônica, que é a ausência de ovulação regular. “Esse quadro ocorre porque o desequilíbrio hormonal impede que os folículos ovarianos amadureçam corretamente, resultando em ciclos menstruais irregulares ou até ausentes e, consequentemente, na falta de liberação de óvulos”, explica Alessandra Evangelista, especialista em Reprodução Assistida.
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A SOP também está associada à presença de múltiplos pequenos cistos nos ovários, detectáveis por exames de imagem. “No entanto, esses cistos nem sempre estão presentes em todas as mulheres com a síndrome, o que torna essencial a consulta com um especialista para o diagnóstico precoce e a definição de estratégias que aumentem as chances de gravidez”, completa.
Esses métodos podem incluir o uso de medicamentos para induzir a ovulação, mudanças no estilo de vida para melhorar a resposta do organismo e, em alguns casos, tratamentos de reprodução assistida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma pessoa ou casal é considerado infértil se estiver tentando engravidar por 12 meses sem o uso de métodos contraceptivos. Para mulheres com 35 anos ou mais, esse período é reduzido para seis meses.
Reprodução Assistida pode ser aliada para mulheres com SOP
Sendo a SOP uma das principais causas de infertilidade feminina, a reprodução assistida oferece diversas opções terapêuticas para aumentar as chances de maternidade.
“O tratamento inicial é a orientação de mudanças do hábito de vida, visando redução de 10% do peso corporal, caso a condição não melhore pode ser indicada a indução da ovulação com medicamentos que estimulam os ovários a liberar óvulos, aumentando as chances de uma concepção natural”, explica Alessandra. Ele acrescenta que, caso essa abordagem não seja suficiente, a inseminação intrauterina (IIU) pode ser recomendada.
Para mulheres com condições que dificultem a gravidez por métodos convencionais, a fertilização in vitro (FIV) se torna uma alternativa eficaz. Nesse processo, os óvulos são coletados e fertilizados em laboratório, e os embriões resultantes são transferidos para o útero. “Esse método pode ser indicado em casos de SOP, mas temos que sempre atentar a individualização pois certas pacientes podem apresentar uma resposta ovariana exagerada, conhecida como Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHO) neste estímulo”, alerta a especialista.
Além dessas abordagens, algumas técnicas auxiliares, como a maturação in vitro (MIV) de óvulos, podem ser usadas em casos específicos, permitindo a coleta de óvulos imaturos que são amadurecidos fora do corpo, reduzindo o risco de SHO.