mídia de fevereiro da Prefeitura de Fortaleza.

Do parto normal a cesariana

O relato honesto e detalhado da empresária Joana Ramalho

17 de novembro de 2016
Do parto normal a cesariana

Joana, o marido e o Arthur.

A Capa da nossa última edição, trouxe a empresária (e grávida!) Joana Ramalho. Contamos um pouco de como foi a gestação dela, que engordou pouco mais de 6kg, se manteve ativa, treinou durante os nove meses e se preparou para um parto normal. Mas como toda gestante sabe, quem manda é o bebê! No caso, o Arthur, que aprontou algumas surpresas na hora H e veio ao mundo através de uma cesárea. Todo esse processo, em um relato detalhado e honesto, a Joana divide agora com a gente. Afinal, mais importante que o tipo de parto, é a escolha da mãe ser respeitada. Esse momento mágico tem que ser seguro e especial.

Com a palavra, Joana:

Vou contar pra vocês como foi a chegada do Arthur. E prepara porque a história é longa! Vou dividir em partes pra facilitar a vida de todo mundo.

 

“Marcando a cesárea e torcendo por um parto normal”

 

Quem me acompanha nas redes sociais viu a minha ansiedade nas últimas semanas antes da chegada do Arthur. Mas, ironicamente, parece que o destino queria me mostrar que nem tudo a gente pode controlar. A “janela” prevista para o Arthur nascer era entre o dia 5 e 15 de outubro. Eu queria um parto normal e estava preparada para passar pela “dor” do parto. Mas nunca escondi que me sentia insegura quanto ao fato de o bebê está enlaçado.

Além de ter passado da data provável do parto, de eu já ter tido uma cesárea anterior e de não ser aconselhada a fazer qualquer tipo de indução de parto (por causa da cicatriz no útero). E também não tinha certeza de quantas semanas eu estava (eu não menstruava quando engravidei). Enfim, depois de 40 semanas estimadas e nada do Arthur querer nascer, eu coloquei todos os fatos na balança e decidi que esperaria até 41ª semana. E mesmo sabendo que é possível o bebe nascer com 42 semanas de forma segura, admito que esse limite era alto demais pra mim.

Então, na minha última consulta, acertamos que esperaríamos até dia 20 de outubro para que ele nascesse de forma natural. Agendei a cesariana, e torci para que o Arthur desejasse vir antes da data marcada para a cirurgia. Bem, meus desejos foram realizados, pelo menos em parte.

 

“O trabalho de parto”

 

Meu parto estava agendado para uma quinta-feira. Na terça-feira anterior eu acordei com muita cólica, fui para o pilates (tentei manter a rotina), mas voltei para casa e decidi não ir trabalhar, pois realmente estava com muita dor. Ao meio dia eu comecei a ter contrações e um leve sangramento, avisei imediatamente ao médico.

Ele pediu para eu fosse vê-lo e na consulta verificamos que o sangramento era meu colo do útero abrindo (ainda sem dilatação). O batimento cardíaco do bebê estava ótimo (então podia esperar pro parto normal) e estimamos que ele deveria nascer pela madrugada. Era só uma questão de tempo. Ele pediu para eu avisar caso minhas contrações acontecessem a cada 3 ou 4 minutos ou minha bolsa estourasse.

Saí da consulta superfeliz, e fui resolver algumas pendências, mas voltei pra casa antes, pois as contrações já estavam ficando dolorosas demais pra “levar uma vida normal”. Fui dormir cedo e acordei com dor por volta das 23h. Comecei a monitorar tudo. Passei a madrugada inteira com contrações exatas entre 7 e 8 minutos. Como nunca chegaram a 3/4 minutos, nem a bolsa estourou, eu não liguei para o médico.

Claro que não consegui dormir. Assim que o dia amanheceu, minhas contrações passaram a ficar mais espaçadas (12 minutos) e eu avisei ao médico como foi minha madrugada. Ele pediu para me ver novamente. Fizemos um novo exame. O bebê estava ótimo, mas minhas contrações pareciam ficar menos frequentes. A essa altura eu já estava a mais de 24h sem dormir, com dor (a cada 12 minutos uma contração), e menos 600g (vale lembrar que o trabalho de parto acompanha uma bela dor de barriga e náuseas). Como meu parto já estava agendado para o dia seguinte, sai de lá sem mudanças de planos. Caso minha bolsa estourasse ou entrasse em trabalho de parto ativo o bebê iria nascer pela madrugada, caso não, às 9h da manhã eu deveria começar o jejum pois ele iria nascer durante a tarde de cesárea. E lógico que nada aconteceu como planejado.

 

“Depois de 48h em trabalho de parto”

 

Quando a noite começou a chegar, já haviam mais de 30 horas que eu sentia contrações e não evoluía . Para ser honesta, elas (contrações) não doíam muito, pois duravam apenas 30 segundos. E depois que passavam, parecia que nada tinha acontecido. Dizem que as contrações doem mesmo depois de 5 cm de dilatação ou quando a bolsa estoura. O que me cansava mesmo, era o fato de estar sentindo dor a cada 7 minutos nas últimas 30 horas, de não conseguir dormir, e lógico, a minha ansiedade.

Era inevitável não me comparar com as outras pessoas. Todos os casos que conhecia, a criança nascia entre 2 e 9 horas depois do inicio das primeiras contrações. A frustração é ser um ponto fora da curva, nesse caso, para pior. Isso realmente estava me abalando. Enfim, ainda fui para a aula de dança nessa noite. Claro que não conseguia dançar, mas eu precisava desopilar, eu sabia que a noite seguinte ia ser “punk”. E foi! Para variar, nada aconteceu como esperado.

Minhas contrações ficaram mais espaçadas, porém mais demoradas e dolorosas. Essa noite eu fiquei realmente mal. Sabia que tinha que comer pois se o bebê não nascesse até às 9h da manhã, eu deveria entrar em jejum. Mas como eu poderia comer com dor e vontade de vomitar? Nem água tinha vontade de beber.

Na manhã seguinte o Arthur não tinha nascido, eu já havia perdido 1,5kg, estava fraca, com um aspecto abatido, e deveria começar o jejum para a cesárea agendada para às 15h da tarde. Não sei o que aconteceu, mas consegui dormir por quase 1 hora. Acho que meu corpo estava fadigado. Acordei com uma contração por volta de meio dia, exatamente 48h depois da minha primeira contração, e adivinha? Dessa vez elas entraram em ritmo de uma contração a cada 4 minutos, duravam mais de 1 minuto e ficaram bem mais dolorosas. Definitivamente eu havia entrado no “trabalho de parto ativo”.

 

“Finalmente minhas contrações estavam com a frequência desejada”

 

Fui para o hospital e o médico chegou para me examinar (o famoso exame do “toque”). E adivinha? Eu estava apenas com 1cm de dilatação (o parto acontece lá pelos 10cm). O médico olhou pra mim e disse: “deve acontecer nas próximas 24h”. Baseado no meu histórico até ali, essa frase não tinha mais credibilidade nenhuma. Risos.

Eu perguntei sobre a anestesia – eu só queria descansar – e ele disse que não fazia sentido tomar naquele momento, iria “matar” o trabalho de parto. Enfim, ele tinha mais 2 partos para aquela dia. Decidimos esperar terminar o segundo parto para ele checar minha dilatação novamente, e ai eu decidiria se esperaríamos pelo parto normal ou partiríamos para a cesárea.

 

“Partindo pra cesárea”

 

Finalmente chegou a hora de decidir qual parto seria. Eu e o meu médico, pensando nos riscos do parto, havíamos colocado o dia 20 de outubro como limite para o parto normal (uma semana depois da data que ele deveria nascer – eu nunca imaginei que passaria dos 9 meses de gravidez). Hoje, assumo que o parto normal era mais por mim do que pelo bebê. Não posso negar o meu desejo de “levar uma vida normal” assim que deixasse o hospital. Optar pela cesárea, talvez tenha sido o começo da minha doação para o meu filho.

Se tudo saiu conforme planejado? Lógico que não. Se me arrendo? Também não. Eu dei meu máximo, mas percebi que nem tudo depende apenas da minha vontade. A verdade é que o tipo de parto é só o começo dos desafios e escolhas na vida de uma mãe.

E que venham novos desafios, pois algo em diz que eu ainda vou ter muita história pra contar!




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