A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou a primeira diretriz global específica para o uso de medicamentos injetáveis voltados ao tratamento da obesidade, categoria que inclui as chamadas “canetas emagrecedoras”. O documento estabelece parâmetros técnicos para orientar governos, profissionais de saúde e pacientes diante da rápida expansão desse tipo de tratamento, que, muitas vezes, tem sido utilizado de forma banalizada, principalmente com fins estéticos e sem acompanhamento médico adequado.
Para o cirurgião bariátrico Dr. Paulo Campelo, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) – Capítulo Ceará, a publicação representa um marco importante para a saúde pública. “A diretriz é extremamente relevante porque reconhece a obesidade como uma doença crônica, que exige tratamento contínuo, acompanhamento profissional e critérios científicos rigorosos de segurança”, afirma.
Entre os principais pontos do documento está a recomendação de uso criterioso dos medicamentos, justamente para evitar o cenário que especialistas têm observado com preocupação: a influência de modismos e a prática da automedicação. “A diretriz deixa claro que esses medicamentos não devem ser usados para fins estéticos. Eles são indicados apenas para pacientes que se enquadram em critérios clínicos bem definidos e precisam de acompanhamento médico”, reforça Campelo.
O médico alerta ainda para os riscos associados ao uso indiscriminado das chamadas canetas emagrecedoras. “Estamos falando de medicamentos potentes, que atuam diretamente no sistema digestivo e interferem na glicemia e na pressão arterial. O uso sem prescrição e sem monitoramento pode levar a complicações graves, com desfechos trágicos e irreversíveis”, destaca.
Segundo o presidente da SBCBM–Ceará, a automedicação e a aquisição clandestina desses produtos representam um risco real à vida. “Nenhum resultado estético justifica colocar a saúde em perigo. Esses medicamentos não podem, em hipótese alguma, ser utilizados de forma recreativa ou irresponsável. O tratamento da obesidade precisa ser sério, seguro e baseado em evidências”, conclui.


