Quando o sonho da maternidade torna-se um momento de tristeza e insegurança. A campanha Setembro Amarelo, que tem como objetivo debater temas relacionados ao suicídio, também traz à tona um assunto relevante: a depressão pós-parto.
Segundo a Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Rio Grande do Norte (Sogorn), é importante estar alerta a essa condição durante toda a gestação.
> Criopreservação é opção para casais que desejam planejar gravidez
A depressão pós-parto é gerada pela expectativa da mulher de que a gravidez será um momento de total felicidade. Porém, muitas vezes, esse momento traz o sentimento de confusão, medo e incerteza, contribuindo para um estado depressivo.
De acordo com Stenia dos Santos Lins, membro da Sogorn e médica aposentada da Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap), estudos apontam que entre 30% a 40% das mulheres atendidas em unidades básicas de saúde ou com perfil socioeconômico baixo, apresentaram esse quadro.
> Uso de aplicativo de fertilidade ajuda ou atrapalha?
“Durante o período do pós parto, há exigências adaptativas impostas às mulheres e isso acaba sobrecarregando-as. É importante que nós, profissionais da saúde, conheçamos os fatores de riscos para detectar precocemente o início de uma possível depressão, como falta de apoio familiar e/ou social, comportamentos suicidas anteriores, crises de ansiedade, idade menor que 20 anos, violência doméstica, entre outros”, aponta Stenia.
Fatores de risco
A recomendação da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Rio Grande do Norte (Sogorn) é que os obstetras estejam atentos a alguns fatores de risco que podem ser observados durante o acompanhamento pré-natal. São eles:
- Ansiedade;
- Estresse;
- Histórico de depressão;
- Gravidez indesejada;
- Complicações da gestação;
- Histórico de abuso;
- Trauma.
De acordo com o estudo “Prevalência da depressão gestacional e fatores associados”, realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, os sintomas de depressão são mais comuns e graves durante a gravidez do que no período pós-parto, sendo raros os casos de suicídio.
> Hospital auxilia mulheres a superar desafios da amamentação
As pressões culturais da sociedade, a romantização da maternidade e desse período da vida das mulheres são, em muitos casos, incompatíveis com a realidade vivida durante o puerpério, fase que compreende desde o parto até o momento em que o corpo da mulher volta às condições anteriores à gestação.
Por isso, a especialista alerta que cuidar da saúde mental das gestantes desde o pré-natal é essencial para identificar a depressão durante a gestação e o período do pós-parto.