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Casos de infertilidade em homens poderiam ser menores com detecção precoce

Padrão cultural faz com que eles desenvolvam condições que poderiam ser revertidas

18 de abril de 2024

Homens vão menos ao médico do que as mulheres. Se essa já era a percepção no dia a dia e em consultórios e hospitais, uma pesquisa do Ministério da Saúde, realizada no início de 2023, mapeou que pelo menos 31% de toda a população masculina não tem costume de ir ao médico. A diferença no número de atendimentos entre os gêneros chegou a 58 milhões de consultas a mais para elas.

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O abismo fica ainda mais evidente quando se fala no cuidado com os órgãos reprodutivos: em 2022, houve mais de 1,2 milhão de atendimentos femininos por ginecologistas, enquanto a procura dos homens por urologistas ficou em apenas 200 mil atendimentos. E isso tem reflexo direto também nos casos de infertilidade masculina, aponta o Dr. Mauro Bibancos, urologista e especialista em reprodução humana da Fertility, unidade em SP do FERTGROUP.

“Esse ainda é um padrão cultural muito forte, do cuidado ser mais frequente no público feminino. Os homens vão pouco ao médico e, quando vão, são normalmente por incentivo de alguma mulher em sua família. Isso é um complicador para toda a saúde, inclusive nos casos de infertilidade. As mulheres, por exemplo, vão ao ginecologista desde muito cedo e, caso tenham alguma condição que possa levar à infertilidade, as medidas são tomadas no começo, evitando complicações e melhorando prognósticos. Isso é o oposto do que acontece com os homens: normalmente eles chegam ao médico quando já tentaram engravidar e não conseguiram, ou seja, o problema já está instalado. E, muitas vezes, esse quadro seria diferente se houvesse essa detecção precoce”, explica.

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Cerca de 40% dos casos de infertilidade são causados por condições no homem, apontam dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Varicocele, condições anatômicas e hormonais, entre outras questões, podem levar a diminuição na produção de espermatozoides.

“O espermograma, que pode ser feito por qualquer homem em idade reprodutiva, identifica problemas, além de um exame de imagem, que é capaz de fornecer informações detalhadas sobre o órgão, são fundamentais logo no início da vida adulta. Em muitos casos, quando detectados precocemente, podem ser revertidos”, comenta.

Em situações em que há uma perda gradual mais acelerada que o normal e irreversível, a Reprodução Assistida pode ajudar, por exemplo, no congelamento dos espermatozoides para a realização de uma Fertilização In Vitro (FIV) no futuro. “Neste caso, o conhecimento sobre as condições do paciente também é fundamental para que a qualidade da coleta seja suficiente. Os procedimentos dependem muito do material para terem sucesso”, analisa.

Bibancos reforça que as inovações em Reprodução Assistida vem avançando no Brasil e no mundo, permitindo que muitas pessoas possam ter filhos. Mas que a detecção precoce continua sendo uma premissa fundamental para toda a saúde. “O laboratório pode fazer muito, e tem feito, mas as chances de sucesso são sempre melhores se as condições de saúde também o forem”, finaliza.

Técnicas em Ecografia ajudam na Reprodução Assistida

Inovações que vêm sendo desenvolvidas também contribuem para as chances de sucesso na Reprodução Assistida. É o caso de uma nova técnica de ecografia (ultrassom), que aumenta a mobilidade dos espermatozóides em até 266%. Uma pesquisa, publicada na revista Science Advances e desenvolvida pela Universidade Monash, em Melbourne, Austrália, descobriu que a exposição a ultrassons induzia o movimento dos espermatozóides imóveis e melhorava a velocidade daqueles com baixa mobilidade.

Os investigadores descobriram que a técnica aumentou a velocidade dos espermatozóides móveis e ajudou 34% dos espermatozóides vivos e imóveis a se tornarem-se móveis. “Esse é um avanço considerável para melhorarmos as chances de sucesso, já que a mobilidade do espermatozóide é fundamental para a fertilização em laboratório e um dos problemas que enfrentamos no dia a dia. Ser capaz de alterar a mobilidade pode modificar a escolha no tipo de terapia e os resultados, com aplicação de opções menos invasivas e mais acessíveis”, finaliza Mauro Bibancos.




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