A calvície, popularmente associada à idade, pode começar muito antes do que se imagina. A perda de cabelo é um processo multifatorial que envolve predisposição genética, hormônios, hábitos de vida e até questões emocionais, explica o médico e especialista em restauração e transplante capilar Leonardo Amarante. O especialista observa que o aumento dos casos em pessoas jovens acende um alerta sobre a saúde capilar e sobre o que o corpo pode estar tentando comunicar.
Esse cenário é reforçado por dados da Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar (ABCRC), que estimam que milhões de brasileiros convivem com algum grau de calvície — sendo cerca de 25 milhões de homens. Em escala global, a International Society of Hair Restoration Surgery (ISHRS) aponta que a alopecia androgenética, forma mais comum de calvície, pode afetar até 50% dos homens por volta dos 50 anos. Entre as mulheres, a prevalência aumenta com o passar da idade, e estudos indicam que 30% a 40% delas podem apresentar algum grau de afinamento capilar após os 60 anos.
Sinais precoces
Leonardo Amarante ressalta que, embora seja mais comum em adultos, a calvície não é exclusiva da meia-idade. Em homens com predisposição genética, os primeiros sinais podem surgir ainda na faixa dos 18 aos 25 anos. “O início precoce da calvície tem relação direta com fatores genéticos e hormonais, especialmente com a ação da di-hidrotestosterona (DHT), hormônio que reduz o ciclo de vida dos fios. Mas há também fatores externos, como estresse, má alimentação e distúrbios metabólicos, que podem acelerar o processo”, explica o médico.
Ainda de acordo com o especialista, nas mulheres, a queda tende a aparecer de forma mais difusa, com rarefação no topo da cabeça, geralmente entre os 30 e 40 anos, podendo se agravar após a menopausa. Oscilações hormonais, deficiências nutricionais e uso contínuo de anticoncepcionais estão entre os principais desencadeantes. Mais do que uma questão estética, o cabelo pode servir como um “termômetro biológico” do corpo.
“A saúde capilar reflete o equilíbrio interno. Carências nutricionais, alterações hormonais e até doenças sistêmicas podem se manifestar por meio da queda de cabelo. Queda intensa e persistente, mudança na textura dos fios e afinamento progressivo são sinais de alerta. Além disso, condições como anemia, hipotireoidismo, deficiência de vitamina D e estresse crônico estão frequentemente associadas a esses quadros”, destaca Leonardo Amarante.
Diagnóstico
O diagnóstico da calvície é clínico, mas pode ser complementado com exames laboratoriais e tecnologias de imagem, como a tricoscopia digital, que avalia densidade e espessura dos fios. Porém, de acordo com o especialista, nem toda queda é definitiva e que identificar a origem do problema é fundamental para definir o tratamento.
“Muitas vezes, a queda de cabelo é apenas um sintoma. Nosso papel, como médico, é investigar as causas, orientar o paciente e tratar o que está por trás, seja um desequilíbrio hormonal, nutricional ou genético”, explica.
Mercado em avanço
De acordo com um levantamento da International Society of Hair Restoration Surgery (ISHRS), o Brasil já está entre os territórios que mais realizam transplantes capilares no mundo, o que reflete não apenas uma preocupação estética, mas também uma busca por autoconfiança e qualidade de vida. “Cuidar do cabelo é cuidar do corpo. Quando o organismo está em desequilíbrio, o couro cabeludo costuma ser um dos primeiros a demonstrar isso. Observar os sinais e buscar avaliação médica é sempre o melhor caminho”, conclui o médico Leonardo Amarante.


