A autoestima é um conceito individual, que reconhece e constrói a personalidade de cada um ao longo da vida. Na infância, os pais e educadores têm um papel fundamental nesse processo, estimulando o equilíbrio interior e proporcionando um ambiente familiar saudável, com amor e respeito.
“Primeiro temos que entender a autoestima como um valor pessoal, uma avaliação interna que a própria criança faz de si. Com o tempo, ela vai entendendo que é capaz, que é importante para os outros. Quando isso supera as vivências negativas, a criança é capaz de se desenvolver sem tantos limites, com um impulso maior para crescer e explorar habilidades”, explica a psicoterapeuta de crianças e adolescentes Tamara Maia.
Para que os pais contribuam positivamente para a construção da autoestima, Tamara aponta a necessidade de estimular a autonomia, criando uma linha tênue entre a liberdade concedida e a autoridade parental. “A primeira atitude é confiar que a criança é capaz de aprender, dar autonomia. Além disso, é importante ser claro e coerente com os limites. Muitas vezes, os pais acham que quando limitadas, as crianças vão ter algum problema na autoestima, mas não, é o contrário. Elas precisam se sentir seguras, que alguém ali é o maestro da orquestra, e o limite ajuda a ter essa base”.
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Combatendo o preconceito: coragem é o caminho
Um exemplo de como o amor dos pais é essencial para o autoconhecimento das crianças é a história da Fabiana Barbosa e da filha, Isabella Barbosa, de 11 anos. O apoio da mãe fez toda a diferença quando Isabella, aos nove anos, optou por assumir os cachos e ir contra todo o preconceito que enfrentava. “Eu estimulo a autoestima dela ensinando como cuidar dos cabelos, elogiando, sempre dando força pra ela assumir o cabelo”, afirma Fabiana.
Isabella não sentia o cabelo como parte de sua identidade. Foi aí que a estudante tomou a decisão, com o suporte total da mãe. “Parei de alisar meu cabelo porque não gostava de passar a manhã inteira no salão. Também não gostava do meu cabelo liso porque era diferente do cabelo das minhas amigas. Não sentia que aquele cabelo era meu”, relembra Isabella.
Para a mãe, a mudança nos cabelos simbolizou um marco para a construção da identidade e do amor próprio de Isabella, demonstrando coragem e personalidade individual da pequena. “Acho que ela foi muito forte no período da transição. Foi um ano de processo. Todo mundo elogiava o cabelo de escova, mas mesmo assim, ela tomou a decisão sozinha, chegou na cabeleireira e pediu para cortar curtinho”, conta.
Transformação
Para fazer a transição, Isabella buscou o salão especializado em cabelos cacheados e crespos, Blendkashos. A responsável pelo corte foi a cabeleireira e idealizadora do salão, Nági Beserra. “Trabalhar com crianças é tirá-las da química por falta de conhecimento. A minha missão é o retorno às origens. Quando há conhecimento, deixa de ter o problema, passa a ser hábito, algo rotineiro. E isto nós ensinamos na Blend, está é a herança que quero deixar, a segurança de viver livre, de corpo e alma”, declara.
Nági acompanhou toda a transformação de Isabella, encantada com o empoderamento da menina e se encorajando junto. “Isabella sentou na minha cadeira e pediu pra cortar toda a química. Isto a gente chama de BC (big chip). Eu não poderia ir cortando aos poucos, teria que ser de uma vez e a Isabella topou. Eu prometi que quando cortasse tudo, ela teria o cabelo de volta. E foi o que aconteceu. O sorriso mais lindo floresceu. Surge aí uma criança livre e feliz, com a autoestima elevada”, conta a cabeleireira.
Hoje, dois anos após o início da transição, Isabella mantém os cuidados e cultiva um cabelo saudável e natural. A mãe garante que a mudança foi para melhor: “Ela mudou a fisionomia após assumir os cachos. Se sente mais natural, mais ela, mais livre”.