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Alzheimer: causas e diagnósticos ainda são desafios para pesquisadores

O cuidado e apoio familiar aliados ao suporte profissional são fundamentais no tratamento

21 de setembro de 2020
alzheimer

Doença atinge mais de 1 milhão da população brasileira, segundo Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz).

Lidar com um paciente diagnosticado com Alzheimer é aprender sobre paciência, compreensão e afeto. A doença não possui cura e tem evolução, na maioria das vezes, lenta, porém, inevitável.

No Dia Nacional de Conscientização da Pessoa com Alzheimer, celebrado no dia 21 de setembro, a importância dos cuidados em relação aos estágios da doença torna-se ainda mais evidente entre as discussões.

Mesmo tendo sido registrada pela primeira vez há mais de 100 anos – em 1906, pelo psiquiatra e neuropatologista Alois Alzheimer – a doença ainda é uma incógnita em muitos aspectos para profissionais de saúde e pesquisadores da área.

“Não se sabe ainda exatamente qual a causa da doença de Alzheimer. Acredita-se que seja geneticamente determinada e se sabe que a doença desenvolve-se como resultado de uma série de eventos que acontecem no interior do cérebro”, explica a geriatra do Hospital Geral Waldemar de Alcântara (HGWA), Andréa Gondim.

Além disso, segundo a profissional, não existe um marcador biológico específico para o “mal de Alzheimer”. Esse fator faz com que seja identificado por meio da exclusão de outras doenças que possuam sintomatologia parecida. Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), no Brasil, há cerca de 1,2 milhão de casos – a maior parte deles ainda sem diagnóstico.

“Para o diagnóstico, são realizados exame físico e neurológico, além da realização de história médica completa, testes para avaliar a memória e o estado mental, exames laboratoriais e exames de imagem para descartar outros diagnósticos diferenciais”, esclarece.

Devido à falta de conclusões sobre alguns fatores que envolvem o Alzheimer, surgem diversos mitos relacionados à doença, como, por exemplo, o fato de que ela atinge apenas idosos. Segundo dra. Andréa, “existe uma patologia denominada doença de Alzheimer precoce, que pode surgir por volta dos 30 anos de idade e tem como principais sintomas falhas da memória, confusão mental ou irritabilidade e agressividade”.

Mesmo assim, a população idosa ainda é a mais afetada: de acordo com a profissional, quanto mais idade, maior o risco.

Acompanhamento

Por ser uma condição que acarreta perdas graduais de memória, além de deficiência motora e dificuldades em atividades do dia a dia, como alimentação, muitas vezes, a doença de Alzheimer vem acompanhada de outros quadros, como a depressão. Devido a isso, o acompanhamento profissional e a rede de apoio são fundamentais durante todo esse processo.

As pessoas de convívio devem estar presentes desde o início, atentando-se aos primeiros sinais: alterações na memória, mudanças de personalidade e habilidades visuais e espaciais.

Como alerta a ABRAz, “o estágio inicial raramente é percebido. Parentes e amigos (e, às vezes, os profissionais) veem isso como ‘velhice’, apenas uma fase normal do processo do envelhecimento. Como o começo da doença é gradual, é difícil ter certeza exatamente de quando a doença começa”.

A geriatra Andréa Gondim explica que o quadro clínico pode ser dividido em quatro fases:

  • Inicial: alteração na memória;
  • Moderada: dificuldade para falar, agitação e insônia;
  • Avançada: paciente se torna mais dependente, desenvolve incontinência urinária e fecal, passa a apresentar dificuldade para comer e também deficiência motora progressiva;
  • Terminal: caracterizada pela restrição ao leito.

Além do tratamento farmacológico, a ABRAz também ressalta a importância da realização de atividades de estímulo cognitivo, social e físico. Em paralelo ao acompanhamento profissional e o apoio de família e amigos, segundo a dra. Andréa, é importante que o paciente entenda sua condição para que ocorra o prosseguimento do tratamento.

“Um dos princípios da bioética é a autonomia. Autonomia significa autogoverno, autodeterminação da pessoa em tomar decisões relacionadas a sua vida, sua saúde, sua integridade físico-psiquíca e suas relações sociais. Portanto, é importante considerar falar a verdade para o paciente se este for o desejo dele, principalmente quando o diagnóstico é obtido na fase inicial da doença, permitindo que o idoso possa declarar suas vontades e também possa participar dos planejamentos de seu tratamento”, esclarece.

Avanços nas pesquisas

A ciência tem sido uma grande aliada no avanço do diagnóstico e tratamento do mal de Alzheimer. Por exemplo, um artigo publicado em junho deste ano na revista JAMA e desenvolvido pela Universidade de Lund, na Suécia, sugeriu que a doença poderá detectada por meio de testes de sangue até 20 anos antes dos primeiros sintomas.

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Os resultados ainda são preliminares, mas promissores. foi feita com 1.402 pacientes e identificou que, através de exame de sangue, a presença da proteína “fosfo-tau217”, pode diferenciar o Alzheimer de outros problemas neurodegenerativos.

Os testes de sangue mostraram que a proteína “fosfo-tau217″ aumenta cerca de sete vezes quando há a presença de Alzheimer e, em indivíduos com o gene que causa a doença, a taxa dessa mesma proteína já começa a aumentar 20 anos antes do início do comprometimento cognitivo.

Os cientistas ressaltam que, mesmo com os bons resultados dos testes, ainda são necessárias pesquisas mais aprofundadas com populações mais diversas. Os pesquisadores acreditam que os exames possam estar disponíveis em até três anos.

> Teste de sangue detecta Alzheimer até 20 anos antes do primeiro sintoma

Além disso, pelo Software “Neuroquanti”, um exame pioneiro no Norte-Nordeste por meio de ressonância por neuroquantificação, é possível detectar com 5 anos de antecedência o surgimento de sintomas reais do Alzheimer. O exame capta imagens, calcula o volume do cérebro e é capaz de detectar atrofia no córtex entorrinal – um indicativo de Alzheimer.

Em Fortaleza, ele pode ser feito na clínica particular UDI Uniclinic Diagnóstico por Imagem (UDI).

Estudos sobre tratamento

Outra pesquisa relevante voltada ao Alzheimer foi realizada em janeiro deste ano pela Universidade de São Paulo (USP), com o objetivo de investigar o efeito da musicoterapia nas relações familiares de pessoas diagnosticadas com a doença.

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O musicoterapeuta e mestre em gerontologia Mauro Amoroso Pereira Anastácio Júnior, responsável pela pesquisa, utilizou músicas que fossem significativas das histórias das pessoas envolvidas na pesquisa, realizando diversas atividades, como a gravação de áudios cantando.

Foram realizados 12 atendimentos semanais a quatro casais idosos, em que um tivesse diagnóstico de Alzheimer em estágio inicial ou moderado.

Nos resultados, o pesquisador identificou que os sintomas comportamentais dos diagnosticados foram amenizados.




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