Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que cerca de 55 milhões de pessoas vivem com algum tipo de demência, na qual a mais comum é o Alzheimer, que atinge sete entre dez pessoas no mundo. Com relação ao Brasil, o Ministério da Saúde indica que em torno de 1,2 milhão de pessoas têm a doença e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano.
Quanto aos casos de Demência FrontoTemporal, a revista Nature Communications em 2022 apontou que a doença é responsável por 5% a 10% dos casos de demência. Os números são expressivos, por isso especialistas de áreas inter e multidisciplinares reforçam alertas para o diagnóstico e tratamento adequados.
De modo geral, a demência diz respeito à perda da funcionalidade decorrente do comprometimento da cognição, ou seja, as funções exercidas pelo cérebro ficam acometidas, o que gera dificuldades para o indivíduo executar tarefas simples do dia a dia. É comum, nesses casos, as pessoas perceberem problemas de memória, mas também pode haver dificuldade em executar atos em sequência, como se planejar, dirigir e/ou desenhar. Nas fases mais tardias, não reconhecem o rosto dos familiares ou locais que costumavam visitar.
De acordo com o médico neurologista Kelson James, do Instituto de Educação Médica (IDOMED), existem graus de acometimento cognitivo. “Antes da demência há o comprometimento cognitivo leve. Identificado nessa fase, várias estratégias podem ser tomadas para atrasar a conversão para demência”, explica. O especialista acrescenta que quando “há queixas de memória ou outros quadros decorrentes da cognição, um neurologista deve ser procurado. Exames de imagem, de laboratório, do líquor e uma avaliação com neuropsicóloga podem ser solicitados”, comenta.
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Nas pessoas acima de 65 anos há maior indicações de acometimento da doença de Alzheimer. “Apesar de existir doença de Alzheimer precoce em pessoas com idade menor a 65 anos, quando uma demência ocorre nessa faixa primeiro pensamos em doenças que não são Alzheimer, a exemplo da demência frontotemporal. Esta tem mais sintomas comportamentais na fase inicial que o Alzheimer e evolui mais rápido”, pontua o médico Kelson.
Acompanhamento psicológico e apoio familiar
Diante de diagnósticos de demência, cada indivíduo apresenta reações variadas (mudanças físicas, psíquicas e sociais), o que exige um cuidado diferenciado. Segundo a professora do curso de Psicologia da UNIFACID Wyden, Sara Castro, a psicologia pode auxiliar no tratamento com ações de estímulo e aproveitamento das habilidades restantes do sujeito acometido pelo problema. “É um trabalho de reeducação, que visa diminuir os empecilhos que paralisam a vida ao criar maior autonomia e levar formas de aceitação. É preciso trabalhar a ansiedade, negação e falta de controle emocional. Além disso, trabalhar a dor dos familiares que não perceberam alguns sintomas ao longo do tempo”, frisa.
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ga ainda observa que familiares e amigos podem promover mudanças na rotina da pessoa com demência, introduzindo estímulos que favoreçam o manejo com os sintomas. Como, por exemplo, “o uso de músicas suaves, principalmente em momentos que exigem cuidados com a higiene e diante de comportamentos agressivos. A inclusão de atividades que despertem prazer no indivíduo também deve ser explorada. Além disso, é necessário que as pessoas de vínculo próximo evitem o confronto com a pessoa que sofre, procurando também encaminhá-la a tratamento psicoterápico e medicamentoso (se necessário)”, recomenda.
Tratamento
Segundo os especialistas, os tratamentos podem incluir reabilitação neuropsicológica, controle dos fatores de risco cardiovasculares: hipertensão, diabetes e dialipodemia, assim como implementação de rotina de sono regular. Também sugerem estratégias que melhorem a reserva cognitiva, como aprender idiomas e ter boa alimentação. Além disso, é possível investir em musicoterapia, demais treinos cognitivos que estimulem a memória e atenção, arteterapia e atividade física.